terça-feira, 11 de agosto de 2009

O Rico e o Pobre.


Era uma vez um Rico e um Pobre. Face aos mesmos comportamentos, perante as mesmas atitudes, o Rico e o Pobre eram vistos, pelos outros, como estando a fazer coisas diferentes:


Quando o Rico roubava, era cleptomaníaco, "coitado, era doente... pegam-se-lhe as mãos. É um dom que ele tem!" (expressão celebrizada pela minha avó paterna). Quando o Pobre roubava, era um ladrão, andava no gamanço, era escumalha da sociedade.


Quando o Rico andava triste, tinha problemas, estava deprimido. É uma doença, um estado psicológico. Quando o Pobre estava triste, sem emprego, sem dinheiro, com 3 filhos para sustentar, a passar fome, era um preguiçoso ("Vai mas é trabalhar!") e estava simplesmente triste. Depressão é coisa de rico, o pobre não tem hipótese de meter baixa devido a depressão. Aliás, ter hipótese ele até tem, mas não se pode dar a esse luxo, porque tem três bocas para alimentar, fora a sua.


Quando o Rico se fazia acompanhar da sua esposa, igualmente Rica, envergando um vestido de pele de chita às pintinhas, era chique, fashion, glamouroso, whatever. Quando o Pobre se fazia acompanhar da sua esposa, igualmente Pobre, envergando um vestido de pele de chita às pintinhas, era parolo, a roçar o avec style, ridículo portanto.


Quando o Rico veste uma t-shirt branca com um estampado enorme todo brilhante a dizer EMPORIO ARMANI, aquilo é giríssimo. Quando o Pobre veste a mesma t-shirt, é da feira. Não pode realmente ser original, não... é da feira!


Quando o Rico organiza um jantar de Verão na sua casa, serve em pratos chiquérrimos da Vista Alegre, com fio de ouro e brasão: nesses mesmos pratos serve um espargo, uma cenoura anã, um mini bife delicioso e uma batata laminada. Acompanha com o vinho da terra, vertido em copos de cristal. E os convidados passam fome. Quando o Pobre organiza um jantar de Verão na sua casa, convida a família toda, os amigos e os vizinhos que não conhece. Monta a mesa lá fora no quintal, serve em pratos coloridos um de cada nação, não importa os copos em que serve a pinga, só importa que sejam cheios. Faz alta churrascada e os convidados saem de lá a rebentar de tanta comida.


Há coisas curiosas, não há? As pessoas encarregam-se de cavar cada vez mais o fosso da diferença.

13 comentários:

Kalie disse...

Gosto do teu blog ;)
**

Caixa disse...

:) Obrigada Kalie.

MiaLuaa disse...

Incrível como as coisas acontecem assim mesmo!

Patrícia disse...

São bem verdade estes teus comentários. Inacreditável.

Caixa disse...

É o que eu sempre digo... hoje em dia o que importa são realmente as aparências, para tudo infelizmente. :)

coisascomgosto disse...

Olá Ana
Obrigada pelo simpático comentario.
É sempre bom saber a opinião das pessoas...
Obrigada pelo elogio do stand :)
Volte sempre!
Sandra

coisascomgosto disse...

....e ADOREI o blog!!!
Bjs
Sandra

Ana Alvarenga disse...

Tal e qual, Ana! É a história do bebâdo e do alcóolico... parece que só damos importância aos rótulos, conteúdo que é bom, já não existe...muito bem observado!

Caixa disse...

Obrigada meninas, pelos vistos não sou só eu a reparar nestas pequenas grandes diferenças! :)
Beijo Sandra, o elogio foi merecido. Muita força para aguentar estes dias de calor abafado naquele stand!

YellowPuzz disse...

pegando na foto do post.

o rico faz jogging, o pobre foge da polícia
"D

Caixa disse...

lol É verdade! Beijinho.

José Castro disse...

Por casualidade vi este Blog e gostei...quanto ao rico e o pobre,conheço uma cantiga que começa assim:rico correndo é atleta,pobre correndo é ladrão...

Caixa disse...

:) Obrigada José, espero que voltes cá ao cantinho.
É, parece que as pessoas realmente são diferentes consoante o dinheiro que tenham...