domingo, 28 de agosto de 2011

Das pessoas de valor


Há pessoas naquela loja com quem estou a criar uma relação tão forte que posso dizer que já há ali, praticamente, amizade. São pessoas a quem tento ajudar no que posso, a quem desejo que saiam daquela loja que nos mói a cabeça a todos e que encontrem aquilo que desejam, concretizem os seus projectos e tenham uma vida melhor: a ganhar mais (ganha-se mal e porcamente...), com um horário em condições, sem trabalhar noites, fins-de-semana, feriados, sempre. Há ali gente demasiado ambiciosa para passar o dia a dobrar camisolas, a pôr calças por ordem e a limpar o que os outros sujam (sem desprestígio, porque eu faço o mesmo...). Gente que não devia ouvir "oh menina, você sabe lá do que está a falar! Dedique-se é a dobrar roupa!".

Sim, porque nas lojas há gente muito inteligente. Gente que quer aprender, quer estudar, quer ir mais longe na vida. Há lá uma menina cujos olhos brilham quando fala em ir para a faculdade, sonho que acredito que se vá realizar no próximo mês. Há outra que sorri com a voz quando fala em abrir a sua peixaria, juntamente com o marido que é pescador. Há outra que não fica indiferente quando fala "nos seus meninos" do canil onde faz voluntariado, e no canil que quer construir se um dia for rica, e nas viagens que sonha fazer, quando puder trabalhar na área de Turismo, na qual se licenciou. Há outro que anseia pela licenciatura em engenharia civil, que termina agora em Setembro.

Nem tudo são cepos daqueles que não se vêem a fazer mais nada na vida, resignados com o que têm, sem ambições. Detesto gente assim! Há gente mesmo impecável. Por isso me irrita que às vezes não sejam valorizados. Mas isso nas lojas, ou em qualquer outro emprego.

4 comentários:

L* disse...

Não diria melhor, Ana!*

Anónimo disse...

O comércio é o local onde a mais reles criatura se julga superior a todos, baseada na máxima estúpida de que o cliente tem sempre razão.
Graças aos santinhos que me iluminaram o caminho e me levaram para bem longe do comércio.
Espero que aconteça o mesmo com todos os "agredidos" que continuam a aturar toda a espécie de abortos que encontram nas lojas o local ideal onde vão descarregar frustrações.

Caixa disse...

Eu quero continuar no comércio, mas num espaço meu, em que quem tem razão sou eu, ou eventualmente o cliente quando, de facto, tiver razão!

Anónimo disse...

Há cada vez menos compreensão e consideração pelo ser humano que está por detrás do leal servidor, tantas vezes vítima da arrogância e falta de chá de gente desocupada.