Eu não sou politicamente correcta em muitas coisas e uma delas é em não conseguir ter o pensamento romântico e tantas vezes ouvido/lido: Tenho estrias mas são marcas que me fazem feliz porque é a prova de que o meu filho existe. Tenho estrias mas são bom sinal.
Nop, lamento. Tenho estrias por causa da gravidez e odeio, não me sinto de modo algum recompensada porque vou ter o meu filho, sinto-me triste com elas. Vou ter o meu filho, que há-de ser o melhor do meu mundo e do outro, mas continuo a sentir-me triste com isto. Nunca tive estrias, sempre gostei do meu corpo (sempre tive - e continuo a ter - auto-confiança) e neste momento tenho. Não é uma nem duas, são várias, bastantes até como diria a senhora dos apanhados da tvi.
Isto deixa-me desconsolada. Desde o início da gravidez que apliquei creme diariamente, religiosamente. Cremes bons e caros, aconselhados para a gravidez. Há uns 4 meses que nunca falho a aplicação de manhã e à noite: ora com o caríssimo Velastisa da Isdin, ora com o barral óleo de amêndoas doces que custa 19€ e me dura para 7 dias certos, ora com bio-oil, ora com óleo dr. organic, ora com vasenol, ora com ATL, ora com mustela 9 meses... Tudo quanto são bons cremes em corri! Nas últimas semanas decidi-me pelo creme gordo da barral com óleo de amêndoas doces e pelo bio-oil, por considerar que o creme gordo é de longe o mais hidratante de todos e porque consta que o bio-oil faz milagres em estrias que já apareceram.
O que é certo é que de nada adiantou. Toda eu estou tipo zebra, às riscas na barriga, nos flancos e no cimo das coxas. Eu sei que isto vai disfarçar muito, felizmente são muito fininhas e com o tempo talvez fiquem quase invisíveis, mas é triste ter investido uma fortuna de largas dezenas de euros por mês em cremes para nada. Conheço meninas que não puseram nada ou usaram nívea lata azul e não ficou uma estria para contar a história. E conheço outras que, tal como eu, se besuntaram com tudo o que há de bom e não se escaparam.
Um destes dias fiquei mesmo triste à noite, confesso que até chorei. Custa-me olhar para mim assim, embora como disse continuo a ter muita auto-confiança. Mas percebo que, numa mulher emocionalmente mais frágil ou instável, isto seja motivo para se deixar ir muito abaixo, especialmente no pós-parto em que não vemos o nosso corpo recuperar como queríamos.
Olhem, por hoje é isto. O Miguel sai da toca daqui a uns dias, fazemos amanhã 39 semanas. Não estou maravilhosa e bela de corpo mas estou com um cabelão e unhas fantásticas. Há que relativizar meus amigos, há que relativizar...