Às vezes espanto-me com a maldade das pessoas. O descaramento, a ousadia, o desplante, a lata, o que lhe queiram chamar! Até há uns anos atrás, acreditava que as pessoas eram boas de forma inata. Uns, por azar do destino, pelo decorrer da vida, ficavam maus. Hoje acredito que nascemos no tal Estado Natureza de que já Hobbes falava, por outras palavras: somos todos maus, e gerimos a nossa vida consoante os nossos interesses. Enquanto nada nos parar e aprendermos a olhar também para os interesses dos outros, está tudo fodido.
Desde que entrei na faculdade que me tenho vindo a surpreender particularmente com as pessoas. Aquelas que considerei, a determinada altura, genuinamente minhas amigas. Aquelas que, hoje, só me ligam meia hora antes do exame, a chorar, a pedir ajuda para o exame. Assim, por dá cá aquela palha (nem um "Está tudo bem? Como tens passado?"). E pelas quais me disponho a fazer uma viagem de 70 e tal quilómetros para o Porto, para a seguir do exame voltar, e ajudar durante duas ou três horas cá de fora da sala, com as respostas pelo telemóvel. A troco de quê? A troco de um "obrigado" sincero. E isso exijo. Ai exijo. Mas realmente continuo a surpreender-me quando a única coisa que levo é, além de uma total ausência de qualquer agradecimento falado ou demonstrado (nem uma mensagem), é um virar de cara no dia seguinte quando me vêem. Nem bom dia, nem boa tarde, nem boa noite. Muito menos "obrigado".
O pior - e isso é o mais grave - é que eu, como tótó que sou, ainda ajudo novamente. Não tenho coragem de dizer que não. E volto a levar o belo do zuretas... Portanto, agora, ide para o raio que parta! A mama secou.
A partir de agora só ajudo quem sei que me ajudará se algum dia eu precisar. Aquelas pessoas que sei que não precisarei de pedir se precisar de ajuda. E infelizmente, na minha turma, acho que isso é um bem muito escasso. Mais vale começar a fazê-lo no último semestre do que nunca!