Nós somos três irmãos. O primeiro é um rapaz, hoje de metro e noventa, grande, olhos verdes, cabelo encaracolado, 27 anos. A segunda e a terceira são um par de gémeas, estatura normal, olhos castanhos, cabelo liso, 22 anos. As semelhanças ou falta delas entre nós não se resumem ao físico.
Interiormente, nunca fomos muito parecidos. Ele é a meiguice em pessoa, nós não compramos muito disso ao senhor Deus; ele não tem ambição nenhuma, nós temos q.b.; ele nunca gostou de estudar, de trabalhar, e nós somos muito dedicadas a isso; nós começamos a trabalhar aos 18 anos, ele lá prós 25 e contra vontade...; nós sempre tivemos notas excelentes na escola, quisemos ir para a faculdade (nem colocamos outra hipótese), ele começou a ficar com notas medíocres lá pró 10º ano e foi para a faculdade quase obrigado, tendo desistido do curso de arquitectura no 4º ano.
Nós somos muito fortes, temos estofo. Ele saiu mais frágil, mais tímido, mais caseiro, mais menino-da-mamã. Nunca sai, namorada só conhecemos uma, e quando o deixou no ano passado eu juro que pensei que ele não ia aguentar. Passou noites a dormir com a minha mãe, chorou dias a fio, sofreu tanto que até a mim me fazia sofrer.
Ontem, ao despedirmo-nos do meu pai que vai agora voltar para Espanha, ele deu-lhe dois beijos. Saiu do carro. Entrou de novo no carro e mais dois beijos. Quase a chorar. Chegou a casa e a nossa mãe perguntou-lhe porque estava assim. Ele disse que sentiu que o pai estava triste e que queria passar mais tempo connosco. E chorou.
Mas a realidade não é essa. A realidade é que o meu irmão não é tão forte como nós, sofre calado enquanto nós achamos que "ele não quer saber de nada e só quer jogar computador", e o meu pai não imagina como lhe fez mal no dia em que saiu de casa assim, sem pré-aviso. No dia em que, mal nascemos, optou por trabalhar fora e não lhe fazer companhia, a companhia masculina de que ele precisou. E não tem noção de como lhe fez mal quando lhe dizia que ele era um fraco, que não era um desportista como ele, que era um burro, que era diferente das irmãs, que era um inútil e não servia para nada. E não tem noção de que, mesmo assim, ele ontem estava incrivelmente feliz por estar a jantar com ele. E que precisa disso.
E eu, porque ele é meu irmão, tenho o coração apertado, porque me assustam este género de atitudes.
Interiormente, nunca fomos muito parecidos. Ele é a meiguice em pessoa, nós não compramos muito disso ao senhor Deus; ele não tem ambição nenhuma, nós temos q.b.; ele nunca gostou de estudar, de trabalhar, e nós somos muito dedicadas a isso; nós começamos a trabalhar aos 18 anos, ele lá prós 25 e contra vontade...; nós sempre tivemos notas excelentes na escola, quisemos ir para a faculdade (nem colocamos outra hipótese), ele começou a ficar com notas medíocres lá pró 10º ano e foi para a faculdade quase obrigado, tendo desistido do curso de arquitectura no 4º ano.
Nós somos muito fortes, temos estofo. Ele saiu mais frágil, mais tímido, mais caseiro, mais menino-da-mamã. Nunca sai, namorada só conhecemos uma, e quando o deixou no ano passado eu juro que pensei que ele não ia aguentar. Passou noites a dormir com a minha mãe, chorou dias a fio, sofreu tanto que até a mim me fazia sofrer.
Ontem, ao despedirmo-nos do meu pai que vai agora voltar para Espanha, ele deu-lhe dois beijos. Saiu do carro. Entrou de novo no carro e mais dois beijos. Quase a chorar. Chegou a casa e a nossa mãe perguntou-lhe porque estava assim. Ele disse que sentiu que o pai estava triste e que queria passar mais tempo connosco. E chorou.
Mas a realidade não é essa. A realidade é que o meu irmão não é tão forte como nós, sofre calado enquanto nós achamos que "ele não quer saber de nada e só quer jogar computador", e o meu pai não imagina como lhe fez mal no dia em que saiu de casa assim, sem pré-aviso. No dia em que, mal nascemos, optou por trabalhar fora e não lhe fazer companhia, a companhia masculina de que ele precisou. E não tem noção de como lhe fez mal quando lhe dizia que ele era um fraco, que não era um desportista como ele, que era um burro, que era diferente das irmãs, que era um inútil e não servia para nada. E não tem noção de que, mesmo assim, ele ontem estava incrivelmente feliz por estar a jantar com ele. E que precisa disso.
E eu, porque ele é meu irmão, tenho o coração apertado, porque me assustam este género de atitudes.
2 comentários:
É em alturas como estas que a família mais se une se pode provar o amor de irmã.
Acredito que sim. :)
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