Eu podia estar aqui com perífrases, a contornar o assunto com palavras mais mansas e menos directas mas a verdade é esta: quando ouço algumas pessoas falar na crise, só me apetece ir-lhes às trombas com toda a força.
Ouço muito falar na "crise", no "isto está mal", no "buraco da Madeira", no "corte no subsídio de Natal". Ouço falar muito mas a realidade é outra.
Sabem o que é crise? Crise é não ter emprego, não ter como pagar a renda ou a prestação da casa, não ter dinheiro para comprar umas botas novas que substituam as que já estão rotas, é ter fome. Isso é crise. Eu não vivo em crise: nunca fui de férias a lado nenhum com os meus pais (o máximo que tive foram dois ou três dias para os lados de Lisboa), nunca andei de avião, nunca passei de Espanha, nunca fui a um restaurante em que cada pessoa pagasse mais de 30 euros para comer, nunca comprei umas calças de mais de 100 euros, nunca usei vernizes Channel (helloooo... é verniz, sai das unhas dali a dois dias!), nunca fiz nenhuma extravagância. E a crise não me bateu à porta: sempre tive comida na mesa, roupa no corpo (e compro os meus trapos de vez em quando), roupa na cama e um tecto garantido. Sempre tive emprego (maus ou bons, fui arranjando).
Não me falem em crise quando, no Verão, os senhores jornalistas vos perguntam, na praia do Algarve, quanto tempo tiraram de férias este ano, com a crise que está... Não respondam, porque vos fica mal como o raio que parta, "Ah, este ano só viemos 15 dias para o Algarve... Sabe como é, antes vínhamos 3 semanas mas este ano, com esta crise...". P*ta que vos pariu, que crise pá?! Como é que estão em crise e pagam estadia à mulher, 3 filhos, avó, cão e gato, no Algarve? Almoçam fora, pequeno-almoço fora, lanche fora, jantar fora, saída à noite, gelados, cinema, bares?! Que crise?!
Não me falem em crise quando os voos para o Brasil, Tailândia e Polinésia Francesa vão esgotar agora no Natal, e no ano Novo, e no dia dos namorados, e no Carnaval, e na Páscoa, e no diabo de quatro. Não me falem em crise porque vocês, que se dão ao luxo de ir para o Brasil bailar no Revéillon, não sabem o que é crise e, aliás, o dinheiro sobra-vos à fartazana para poderem gastar nesses miminhos tão pequerruchinhos e pouco dispendiosos.
Crise é não ter dinheiro, não ter emprego e não ter para pagar as contas. Não é agora vestir Massimo Dutti ou Lanidor em vez de vestir Dolce & Gabbana. Patético.
Ouço muito falar na "crise", no "isto está mal", no "buraco da Madeira", no "corte no subsídio de Natal". Ouço falar muito mas a realidade é outra.
Sabem o que é crise? Crise é não ter emprego, não ter como pagar a renda ou a prestação da casa, não ter dinheiro para comprar umas botas novas que substituam as que já estão rotas, é ter fome. Isso é crise. Eu não vivo em crise: nunca fui de férias a lado nenhum com os meus pais (o máximo que tive foram dois ou três dias para os lados de Lisboa), nunca andei de avião, nunca passei de Espanha, nunca fui a um restaurante em que cada pessoa pagasse mais de 30 euros para comer, nunca comprei umas calças de mais de 100 euros, nunca usei vernizes Channel (helloooo... é verniz, sai das unhas dali a dois dias!), nunca fiz nenhuma extravagância. E a crise não me bateu à porta: sempre tive comida na mesa, roupa no corpo (e compro os meus trapos de vez em quando), roupa na cama e um tecto garantido. Sempre tive emprego (maus ou bons, fui arranjando).
Não me falem em crise quando, no Verão, os senhores jornalistas vos perguntam, na praia do Algarve, quanto tempo tiraram de férias este ano, com a crise que está... Não respondam, porque vos fica mal como o raio que parta, "Ah, este ano só viemos 15 dias para o Algarve... Sabe como é, antes vínhamos 3 semanas mas este ano, com esta crise...". P*ta que vos pariu, que crise pá?! Como é que estão em crise e pagam estadia à mulher, 3 filhos, avó, cão e gato, no Algarve? Almoçam fora, pequeno-almoço fora, lanche fora, jantar fora, saída à noite, gelados, cinema, bares?! Que crise?!
Não me falem em crise quando os voos para o Brasil, Tailândia e Polinésia Francesa vão esgotar agora no Natal, e no ano Novo, e no dia dos namorados, e no Carnaval, e na Páscoa, e no diabo de quatro. Não me falem em crise porque vocês, que se dão ao luxo de ir para o Brasil bailar no Revéillon, não sabem o que é crise e, aliás, o dinheiro sobra-vos à fartazana para poderem gastar nesses miminhos tão pequerruchinhos e pouco dispendiosos.
Crise é não ter dinheiro, não ter emprego e não ter para pagar as contas. Não é agora vestir Massimo Dutti ou Lanidor em vez de vestir Dolce & Gabbana. Patético.
14 comentários:
Lindo. (Ou não!)
Como é que partilho isto no Facebook? Identifico-me completamente com cada palavra que escreveste.
Beijinho e bom fim de semana :)
Clap! Clap! Clap! (isto sou eu a bater palmas por este excelente post) Concordo inteiramente!
Não podia estar mais de acordo.
Subscrevo. E nem é preciso dizer mais nada.
beijnhos*
clap, clap, clap!
subscrevo cada virgula.
Eu quando escrevi este post estava nervosa, tinha acabado de ouvir mais um discurso sobre a crise lá na loja, aquilo já enerva! Quer dizer, o homem mesmo com pinta de velho endinheirado, e sempre com essas tretas, não há quem aguente!
Querida Caixa, gostei! Gostei, porque sempre vivi com o espectro da crise à minha volta, neste país. No entanto, eu não me posso queixar, é verdade.
Pois é Turista, senão nem tinhamos net... lololol
Não acrescento nada aos restantes comentários ao afirmar que subscrevo todas as tuas palavras. Mas fica registado.
:)
Beijo
Obrigada, pelos vistos não estou só na irritação! lol
Ai o que eu concordo contigo!
Ainda me lembro de uma entrevista que fizeram a uma família no Verão: "Pois, com esta crise viemos para um hotel no Algarve em regime de meia pensão em vez de completa, blá, blá, blá"...pormenor, o hotel era nada mais nada menos que um novíssimo resort!
**
Não podia concordar mais... nem há nada a acrescentar....
CAIXA PARA PM, JÁ!!! :-)
Claro que concordo contigo, até porque trabalho com um "exemplo supracitado". Ai e tal, a crise, a crise, a crise... Mas a criatura, em conversa telefónica com o namorado (uma das 321 que ela tem por dia!) disse em relação à 'ponte' de 1 de Novembro "ai temos que ir para algum lado, que eu não vou ficar 4 dias fechada em casa!" SEM COMENTÁRIOS!
PS: "diabo de quatro"? não é "diabo a sete"? não me digas que COM A CRISE o demo perdeu 3 pontos pelo caminho??? :-)
Como assim? Não estar em crise é conseguir sobreviver? Nesse caso, para que raio é que é preciso verniz dos chineses, sequer? Em que é que isso vai ajudar a nossa vida sequer?
A crise a que as pessoas se referem é aquela em que passaram de uma situação em que estavam para uma pior. A ter de trabalhar mais pelo mesmo dinheiro. A receber menos pela mesma quantidade de trabalho. A ser impossibilitada de trabalhar mais para poder receber mais.
LAmento, mas não acho que seja orgulho nenhum nunca ter passado de espanha nem ter andado de avião. Honestamente? Acho triste. Na minha opinião, isso é viver numa crise cultural. A vida toda.
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