sexta-feira, 13 de julho de 2012

Da (in)justiça

Hoje entrei pela primeira vez num escritório de advogados para uma "consulta". Licenciei-me em Direito e nunca tinha estado num escritório de advogados para ser atendida, o que acaba por ser curioso...
Fui acompanhar uma amiga que recebeu em casa uma notificação de um importante advogado por causa de um acidente de carro que o seu pai teve há umas semanas. Foi um caso de acidente provocado por uma manobra perigosa (ultrapassagem em curva com linha contínua) de um de carro que fugiu e pronto. O pai da minha amiga, para evitar matar-se pois ia de frente para o tal carro na via contrária, foi parar à valeta várias vezes. Quando conseguiu sair de lá, foi de frente com a senhora que seguia na via contrária.
O pai da minha colega, apesar de não ter culpa, quis assinar uma declaração amigável e metia-se tudo ao seguro e acabou. Mas parece que a senhora não está convencida com o facto de o pai da minha amiga ter partido uma parte da coluna, ter de ficar 3 meses de cama, ter perdido parte da língua, ter ficado com o rosto desfigurado. Parece que ela ainda quer pedir indemnizações por danos morais ou lá o raio que parta, embora o homem não tenha tido culpa (e várias pessoas tenham testemunhado a fuga do outro carro mas, duh! , ninguém anotou a matrícula).
Adiante, não é isso que interessa.

O que interessa é que hoje percebi porque é que não segui advocacia nem nunca seguirei. Porque é incrível como, numa situação destas, podemos levar com um advogado arrogante, sem qualquer noção de delicadeza (ficou espantado por saber o estado do pai da minha amiga... nem sabia, disse que "se soubesse nem lhe tinha enviado essa carta", carta na qual o ameaçava de ir para tribunal se o homem - acamado - não apresentasse uns documentos em 5 dias), que de facto não se interessou em saber nenhuma outra versão que não a da sua cliente e que, portanto, parece estar interessado em chupar até ao tutano o pai pobre da minha amiga, porque não se devia ter desviado para a valeta para não morrer. E pronto, depois de entrar em despiste, foi contra outra pessoa, que basicamente teve danos no carro e uns arranhões (nem internada ficou, foi ao hospital e saiu logo; o pai da minha amiga este internado algum tempo no São João no Porto).

Atenção: como referi, ele disse que queria assumir a culpa com uma declaração amigável. A senhora negou-se e o advogado também. Ainda bem que nunca terei de lidar com isto.


5 comentários:

Catarine Martins disse...

Também sou licenciada em Direito e estou a trabalhar num escritório de advocacia como estagiária. Faço-o porque estou à espera que me chamem para a defesa da tese, e porque me pagam por isso. Mas juro que advocacia é a coisa que menos quero para mim a longo prazo. E quanto mais tempo lá estou mais tenho a certeza disso. :)

Cláudia disse...

e eu até posso imaginar o nome do DR. em causa...

Filha da putice, é o que é...

Conto de Fadas disse...

Laetitia, se te pagam no estágio és uma privilegiada, por isso aproveita. :) E eu acho que se deve mesmo passar por essa fase... no entanto, eu não ia desperdiçar dinheiro (que não tenho) e tempo porque nunca na vida ia sEguir. Quando escolhi Direito nunca foi com esse propósito, por isso não me importo...

Cláudia, se fosse só um... infelizmente as raposas velhas são muitas assim.

GATA disse...

Eu tenho a pior opinião da Justiça em Portugal, conheci alguns dos piores advogados e juízes do País, e - sinceramente - tenho muita pena de quem precisa da justiça portuguesa. Eu senti na pele tudo o que escrevi, não é ideia pré-concebida nem falar por falar.

Lamento imenso a situação do pai da tua amiga. Um grande bem-haja para ele!

Conto de Fadas disse...

GATA, obrigada. Tudo vai passar e ela sabe que tem amigos...